quarta-feira, 18 de abril de 2007

Deixa pra próxima...

O pessoal estava todo reunido durante o jantar. Um falava daqui, outro falava dali, e os risos, gritos, não faltavam. Uns tentavam entender a conversa de dois, outro, daqueles três na outra ponta da mesa, daquelas enormes, típicas de sobrado.
Avós, tios, primos, de todas idades, conversa é que não faltava.
Carol falava da briga com o namorado para Patrícia. João, não conseguia esquecer os detalhes da última viagem, feita na semana anterior à Bahia. Cristina, só falava dos processos e problemas que enfrentava no escritório.
Mas tinha alguém que não entrava na conversa, só tentava ouvir, pelo menos uma delas, e acabou sabendo de nada. Foi ficando aborrecido, até mesmo esquecido...

Silêncio.

Todo mundo calou. Foi o grito de seu Geraldo, o pai e avô daquela família alegre, mas confusa, que tinha deixado de lado o verdadeiro sentido daquela reunião semanal, que estava terminando. Poucos minutos depois, todos já iam para casa, com o intuito de fazer tudo diferente da próxima vez.

Não teve jantar semana seguinte. Não teve conversas e risos altos. Só aquela família cabisbaixa. Seu Geraldo já não estava mais entre eles.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Desconhecido

Como se não restasse mais nada, eles se entreolharam. O silêncio foi a trilha sonora daquele momento que parecia não ter fim, mas nem imaginavam o que poderia vir pela frente. Era melhor nem pensar, nem imaginar. Para quê? Medir atitudes, contar as horas, esperar por detalhes e esperar, esperar, esperar... e continuar esperando?! Os dois sabiam disso e ainda se entreolhavam. O mundo já não era o lugar. Pisavam em nuvens, flutuavam, sentiam a brisa passar pelos corpos parados, ali, entre olhares profundos.
Um leve riso parecia surgir no canto da boca, mas o olhar era mais forte, nada o desviava.
Foi quando ouviram, saindo de alguma das caixas de música espalhdas pelos bares, "você nem vai me reconhecer quando eu passar por você". Um e outro desviaram os olhos, viraram para seus destinos e nem deram adeus. Eles nem vão se reconhecer ...